Quem sou eu

sábado, 30 de janeiro de 2016

Por que sou conservador?

Por Paulo H. P. Cunha


         Não faz muito tempo, minha mãe me perguntou por que, com toda a minha capacidade, eu não faço um concurso público e passo a ganhar algum dinheiro com pouco trabalho. Insistia dizendo que minha inteligência deve ser usada para ganhar dinheiro – e da forma mais fácil possível.
         Este não é, nem de longe, um pensamento incomum entre os brasileiros. Passar em um concurso público, tornar-se aspone do governo e contribuir com todo o problema, ver toda a inteligência enterrada debaixo de toneladas de burocracia, parece ser a vocação de qualquer que nasça nessas terras descobertas por Cabral.
         O que não entende, no entanto, a maioria de nosso povo é que a inteligência é um fim em si mesmo e é, ela mesma, a recompensa de sua busca. Uma pessoa inteligente é mais propensa, por exemplo, a identificar e tentar erradicar problemas (muito embora isso não pareça verdade por aqui – onde toda a inteligência é cooptada pelo estado para tornar as coisas cada vez mais ineficientes, exceto a cobrança dos tributos). E eu identifico e reduzo todos os problemas em quatro níveis: educação pública, saúde pública, segurança pública e administração pública.
         É claro, parece revolucionário para qualquer brasileiro, mas eu garanto que isso não é qualquer novidade acima do outro trópico. Por aqui, só vemos pessoas reclamando por mais educação, mais saúde – e de qualidade! – mais segurança e por uma administração pública responsável, seja lá o que isso quer dizer. Dizem os pobres coitados que sem brizolões, aqueles presídios feitos para a juventude delinquir pelo detestável Darcy Ribeiro, seria impossível que os pobres fossem alfabetizados, por exemplo. Mas esse seria um discurso ideológico, muito mais que um discurso que atesta uma verdade?
         Lembremo-nos do porco Napoleão. Assim que ele expulsa Bola de Neve da fazenda, qual é a primeira coisa que ele faz? Pega os filhotinhos da cadela para educa-los, e por um tempo ninguém os vê. Quando eles estão adultos, no primeiro motim, são os filhotes, agora crescidos, que botam ordem na fazenda, impondo terror nos corações dos outros animais. Eis o que querem os que pedem “mais educação” (que, não raro, são professores). Pare e pense: onde foi que você aprendeu que o problema é que no Brasil não tem educação pública de qualidade? Eu poderia apostar – e certamente ganharia – que foi na escola. Agora, pense: qual professor vai te dizer que ele é parte do problema? Qual deles vai admitir que ele mesmo teve uma formação deficiente, que ele mesmo foi muito mais doutrinado em ideologias que ensinado (veja o simples fato de Paulo Freire ser considerado patrono da educação. Justo ele, que nunca educou ninguém. E, antes dele, nosso “maior” educador ter sido Darcy Ribeiro, um homem provinciano e com ideias pervertidas pelo socialismo. Um Brasil que ainda estuda Vigotsky e Piaget, dois pedagogos que não são mais aceitos em lugar nenhum no mundo, e por aí vai...)? Qual professor vai te dizer que é muito mais útil que se aprenda a ler em casa e que, com o tempo, se forme uma elite de verdadeiros pensadores, em vez de glorificarmos Valesca Popozuda? Antes disso, é muito mais simples e fácil (até porque ele mesmo aprendeu assim) desviar a sua atenção do problema real, de que há poucos professores bons e que, mesmo esses poucos, são obrigados a doutrinar e não a ensinar nossas crianças em vez de educa-las para o bom, o belo e a verdade? É muito mais fácil dizer que o Brasil é um esgoto aberto porque não temos escolas o suficiente, mas tirarmos o direito dos pais ensinarem em casa e de acordo com suas convicções.
         E na área da saúde? Qual médico vai admitir que o problema é que ele pode ter vários empregos no município, no estado e na união, não precisa comparecer em nenhum deles para ganhar seu salário, e ainda abre sua própria clínica para complementar seu dinheiro? Quem vai dizer que as UPAs (e os hospitais e postos de saúde antes delas) não funcionam porque os médicos não atendem e ainda têm um sindicato forte o suficiente para dizer que um médico de UPA não pode receber por consulta (isso o obrigaria a trabalhar)? Qual médico vai admitir que a sociedade ganharia muito mais se cada médico tivesse seu próprio consultório (ou trabalhasse em um hospital particular), e as operadoras não detivessem o monopólio do mercado de planos de saúde, como era na era FHC?
         E na segurança? Qual policial vai admitir que jamais, em tempo algum, haverá um policial para cada cidadão e que, se houver, o País cairá sob o tacão da sociedade policial, como no romance “1984”, e todas as liberdades civis serão suprimidas? Qual soldado das Forças Armadas admitirá que elas estão à disposição do governo e que, portanto, elas não obedecem aos melhores interesses da Nação, senão aos interesses do Presidente e depois do Senado e que, desta forma, uma sociedade desarmada não tem ninguém que os defenda da tirania, se esta for implantada? Qual soldado irá dizer que é do melhor interesse do País que o estado não detenha o “monopólio da violência”?
         Quanto aos políticos, embora pareça que nada precisa ser dito, dados os últimos acontecimentos, esta assertiva fica só nas aparências, mesmo. “Administração pública responsável”, grita a verborragia estatista. Como se o problema fosse a responsabilidade do administrador, não a quantidade mastodôntica de administradores e dos impostos e burocracia que eles criam. Se toda a burocracia é uma forma de dificultar a vida do cidadão comum, e esta é a única função do estado – diminuir a velocidade das coisas para que nada perca o controle – e se as maiores inteligências do País esforçam-se apenas para entrar nesta máquina esmagadora de gerar burocracia que é o funcionalismo público, não é exagero pensar que, enquanto no Canadá, na América, no Japão e em toda a Nação livre e próspera no mundo se pensa em soluções para cada problema, no Brasil se pensa em problemas para cada solução. No ramo da telefonia, por exemplo, não há muito tempo, uma determinada operadora oferecia serviço de internet a R$ 0,50 ao dia. Uma outra resolveu oferecer serviço de mídias sociais ilimitado. Qual foi a solução da maior operadora do Brasil? Criar um portfólio à altura? Tornar os preços mais competitivos? Claro que não. Afinal, estamos no Brasil, o País apaixonado por monopólios estatais. O que ela fez foi processar as outras duas por “concorrência desleal” (eu não estou certo das acusações feitas a nenhuma das duas sob este pretexto, mas tenho certeza de que foram embasadas no aclamado “marco civil regulatório da internet”). E o pior: ganhou.
         O monopólio estatal é tão grande que o estado tem você. Você é propriedade do estado. Se você quiser trabalhar, precisa ser pelo preço que eles estipulam, sob as condições que eles impõe (mesmo que você discorde delas), pelo tempo que eles determinam. Se você acha que pode trabalhar por um valor maior, meu amigo, ledo engano. Você vai pagar tantos impostos que, no fim, só vai te sobrar um salário mínimo.
         Enfim, a única coisa que eu queria dizer com este texto é que a crise no Brasil, antes de ser política, é de cunho moral. O brasileiro se esqueceu do que é a liberdade. É claro que a solução para a crise passa pela política. Afinal, com um governo socialista, vai ser impossível ter qualquer nível de liberdade civil que seja suficiente mesmo para a dignidade humana. Mas não é porque o problema passa pela política que a solução é inteiramente política.

         Da próxima vez que você disser ou pensar: “isso aqui é Brasil”, lembre-se de que o Brasil é só um espaço geográfico. O verdadeiro Brasil é você.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Brasil: País de Terceiro Mundo?

“O Brasil não é País de primeiro mundo, não.” Acho que todos os brasileiros já ouviram esta frase ao menos uma vez em suas vidas.
Não, o Brasil não é um País de “primeiro mundo”, de fato. Mas por que será que somos tão pouco desenvolvidos?
Ao analisar a frase, já vemos um motivo evidente: o brasileiro é incapaz de confiar em suas decisões. Nosso povo tem o péssimo hábito de sempre confiar as decisões da vida aos políticos, é essa é a grande causa da miséria de nossa Nação.
Hoje mesmo, voltando de um hospital, resolvemos tomar um táxi, pois haviam sido feitos procedimentos dolorosos. Começamos a conversar com o taxista e, alguns minutos depois, surge a conversa de todos os dias dos brasileiros: política. Gostaria de fazer notar que hoje foi o dia em que o Whatsapp ficou várias horas fora do ar com por causa de uma decisão tomada com base no Marco Civil Regulatório da Internet. Logo o chauffeur começou a falar de Uber e de como a empresa o prejudica, de que o Uber é uma máfia (está bem, como se os taxis não fossem). E é aí que entra o pior mau do Brasil: as pessoas não parecem saber pensar. Não conseguem elevar-se do lodaçal por um segundo sequer. Nós dissemos para o senhor: “Na verdade, se o senhor parar pra pensar, o senhor deveria lutar para que o senhor não tenha que pagar tantas taxas abusivas para o governo, afinal, ele é o seu sócio majoritário e eu aposto que Eduardo Paes, Pezão ou Dilma nunca vieram dirigir seu carro, levar seus passageiros. Por que é que eles têm de ficar com a maior parte do que é seu?”
“Ora, meu filho”, retrucou o português, “se nós não pagarmos impostos, quem vai pagar os hospitais?”
Acontece, caríssimo senhor taxista, que Lula foi eleito com uma promessa de acabar com a “farra dos planos de saúde”. De fato, acabou. Mas a “farra” só era problema para ele e para o PT (junto do Foro de São Paulo), estatólatras que acham que pobre tem de ter direito aos serviços básicos. E, por básicos, quero dizer que são realmente básicos. Carecem de sofisticação. A tal “farra” era o fato de o Brasil, em um sistema mais ou menos liberal como estava, permitia que hospitais administrassem seus próprios planos de saúde, aceitos somente nas redes deles e bem mais em conta. Era o nosso caso. Tínhamos um plano desses. Ao ser eleito, Lula de fato acabou com a tal festa. Nós perdemos nosso plano de saúde, no qual pagávamos meros dez reais por pessoa, e agora temos de ser atendidos na UPA. Foi a primeira “melhora” na qualidade de vida do pobre.
Depois disso, veio o aumento sistemático do salário mínimo. Desde o anúncio, nós avisamos a todos que o resultado só poderia ser inflação. É melhor ter o salário subindo pouco e comprar um quilo de arroz a sessenta e seis centavos que ganhar setecentos reais e pagar três no arroz, não acham? E, claro, tudo isso regado a salgados impostos. Inventou-se um imposto para o tabaco, um para a bebida alcóolica e, agora, temos impostos até sobre refrigerantes. Um maço de Hollywood custava R$ 2,50. Hoje custa quase sete reais. Uma Coca-Cola deveria custar, já com os impostos, cerca de dois reais e vinte centavos. Pagamos três vezes isso. Tudo para sustentar hospitais e outros serviços públicos que não tem qualidade.
Agora, paremos para analisar a situação: suponhamos que as pessoas ganhassem bem menos, digamos, quinhentos reais, mas pagassem só doze por cento de impostos, e ainda preservasse as liberdades econômicas da era FHC: a primeira coisa que poderíamos afirmar, com certeza, é que ainda haveria planos de saúde acessíveis a todos, com ampla cobertura de serviços (embora pouca cobertura de hospitais). Depois, podemos afirmar com certeza que todas as coisas estariam bem mais baratas, proporcionalmente falando. Um big mac ainda custaria R$ 5,00, como na época do Fernando Henrique, por exemplo. Aluguel, carro, tudo isso seria acessível para qualquer um. No fim, podemos dizer que as pessoas seriam mais ricas. Isso com base em um cálculo bastante simples: um brasileiro que ganha salário mínimo receberia R$ 500,00 divididos por US$ 1,50, que dá aproximadamente US$ 333,33, enquanto hoje um brasileiro que ganha salário mínimo recebe US$ 180,00.

Enfim, enquanto o brasileiro quiser ganhar as coisas de graça do Papai Estado, a coisa vai ficar difícil. E é por isso que nós já nos cansamos desse povo boçal. Não adianta explicar para eles a fórmula do sucesso. A covardia do brasileiro médio é tão petrificante que o brasileiro não gosta de quem é corajoso.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Por que os Muçulmanos são os “Übermensch”?

“Cogito ergo sum”. A maioria dos leitores já deparou-se com essa assertiva descartiana. Pouquíssimos, no entanto, pararam para pensar sua origem, sua proposição e, evidentemente, suas consequências.
                Há já mais de três séculos que nossa civilização presume que a coisa mais importante seja o conhecimento. Seja para tornar-mo-nos sábios, imortalizados pela literatura, pela simples curiosidade, pelo medo do além ou para demonstrar que “não há Deus”, como parece ter-se tornado moda entre alguns professores de uma determinada universidade renomada, nosso desejo, como homens ocidentais, tornou-se escrutinar as infinidades do cosmo, os mistérios da vida, da mente e da sociedade. E é exactamente isso o que vai nos destruir.
                Não é necessário ser nenhum experto em biologia ou moral para divisar, logo de imediato, que a moral não tem nenhuma base empírica. Evidência disso são os códigos mais loucos de moralidade. Já se viu de tudo sobre a face da Terra: desde o “olho por olho, dente por dente” das Lex Tallionis até o “perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores” do Paternoster. Nenhum deles, no entanto, tem uma base empírica, científica, com origens em fenômenos físicos. Todos, absolutamente todos, são originados na abstração dos homens.
                É evidente que não vamos aqui nivelar as leis de Talião e o que Nosso Senhor prega no Sermão da Montanha (“bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra”, Evangélio segundo S. Mateus, 5:5); há códigos morais mais elevados que outros, e isto também resulta evidente. Ou, pelo menos, deveria resultar.
                Em nossa busca como ocidentais pelas “verdades do Universo” (podemos colocar aqui em cheque o método científico em outra ocasião), acabamos por esquecer-nos da verdade mais simples de todas: a única coisa que realmente importa nesta vida é, nos poucos anos em que nos foram dados para andarmos sobre esta Terra, desfrutarmos da companhia dos nossos entes queridos conforme pudermos, sacrificar-mo-nos por eles, criarmos nossa própria família, termos um propósito na vida e estarmos dispostos a dar nossas vidas por este propósito e rezar a Deus para que nunca precisemos chegar a tanto.
                Para os nossa civilização, no entanto, parece que o sentido da vida foi pervertido mesmo para adaptar-se ao empirismo que já Sócrates divisava não só falso, mas também deletério para toda a sociedade. Em nossa modernidade, o sentido das coisas tornou-se efêmero, subjetivo, contanto que possa ser encontrado na natureza. Uma noite de prazeres venéreos e uma vida de oração e penitência equivalem-se. Entorpecer os sentidos tornou-se corriqueiro. Ora, uma sociedade assim não pode subsistir.
                Nada pode ser mais ridículo que uma “moral baseada na natureza”. Supondo que tenhamos evoluído, é evidente que já tentamos isso, pois os animais teriam sido os nossos primeiros “nortes” morais. Quem não iria querer ser forte como um leão ou um urso, rápido como uma gazela, destemido como um javali? No entanto, os gatos comem os filhotes mais fracos, os cães comem suas fezes quando não as podem enterrar e várias outras espécies cometem canibalismo e estupro. É evidente que isto não são exatamente o que esperamos de “bússolas morais”. Porém, se fomos criados, o “norte” da moralidade não deve, é óbvio, ser a natureza, mas o propósito pelo qual Deus que nos fez e Seus desígnios. Das duas formas, a religião é superior à ciência, porque ou o homem evoluiu para acreditar e aqueles que acreditaram tiveram maior taxa de sobrevivência ou o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus e por isso acredita. Entraremos neste âmbito em outra ocasião. O que nos importa agora é sabermos que, das duas formas, o homem ocidental moderno, com sua “auto-crítica”, nada mais é que um remedo de homem, um ser degenerado e que busca na natureza uma racionalização para a sua degeneração, e é por isso que os muçulmanos tornaram-se os “übermensch”. Porque eles têm um norte moral rígido, sério, porque acreditam.
                Qual é a serventia de o homem, suponhamos, ter pisado na Lua? Ou de o homem ter curas para determinadas doenças?
                “A resposta para a primeira”, diria o tolo, “é que agora estamos mais próximos da compreensão do universo; a resposta para a segunda é que as pessoas morrem menos e nunca antes na nossa história as pessoas morreram tão velhas”.
                A verdade, no entanto, é que a compreensão do universo nunca nos escapou mais. Como já dissemos, as críticas ao método científico ficarão para outra ocasião, mas já podemos adiantar o grande equívoco que o tolo comete ao pensar desta maneira: de que serve compreender a formação das estrelas, sua extinção, a ação gravitacional delas sobre corpos menores e até planejar viagens para astros distantes se não formos capazes de subsistir? De que serve ter o conhecimento do cosmos se não somos capazes de resistir aos bárbaros que, desde tempos imemoriais nos perseguem, nos martirizam e nos aterrorizam? De que serve “sabermos” essas coisas se tivermos que comer hambúrgueres de fezes ou de “carne de laboratório”, e tornar-mo-nos animais inferiores com grande saber técnico? Em que isso nos elevará como seres vivos e pensantes, com necessidades psicológicas bem estabelecidas e diametralmente opostas a esta tendência científica? Quanto à extensão da expectativa de vida, de que serve adiar o inevitável? Deixaremos de morrer? Que bem há nisso? A ciência quer nivelar todos os costumes e toda a moral como “relativos”. Tudo passa a ser subjetivo. É evidente, pois para a ciência, o fim de todos os seres humanos é o túmulo. Nada, portanto, que façamos, exerce influência sobre o mundo dos vivos, e os vivos devem regular-se a si mesmos conforme melhor lhes aprouver.
                Exatamente essa é a distinção mais clara entre os ocidentais barbarizados hodiernos e os bárbaros orientais: eles crêem. Com a crença, vem a mais firme certeza do transcendente; de que a vida não extingue-se com a morte; de que há recompensas para os bons e castigos para os maus; de que há justiça no Universo.
                A despeito das vantagens que o consolo e o medo da punição trazem aos indivíduos, a fé tem uma outra finalidade: a formação de um grupo, de sua identidade e de seus laços para além da família. Toda a sociedade conhece as regras. “Se você fizer isto, vai para o inferno”, não obstante, vem acompanhado de um crime contra Deus ou contra o próximo. Sua cultura, portanto, permanece inalterada; seus costumes e sua moral se elevam; toda a sociedade se beneficia.
                “Por que”, mais uma vez interromperia o tolo, “então são Países como a América e a Inglaterra considerados ‘desenvolvidos’ e Países como a Arábia Saudita são considerados como ‘subdesenvolvidos’? Não há algo de errado e falacioso em sua missiva?”.
                Decerto não. Se formos, evidentemente, avaliar os Países pela sua renda per capita, pelo poder aquisitivo ou pelo estilo de vida perdulário, certamente estes constarão nas listas de nações mais desenvolvidas. No entanto, devemos considerar a atitude psicológica em relação à vida e aos seus eventos. Os muçulmanos são mais pobres, mas não se incomodam com isso. A pobreza faz parte da vida, assim como a riqueza. Mesmo vivendo em Países predominantemente pobres, são felizes. No ocidente, no entanto, a depressão é um mal terrível, que assola tanto jovens como adultos.
                Não é de se admirar que as pessoas estejam mais tendenciosas à acídia em culturas desesperançosas que lhes dizem (em mentiras crassas) que a morte é o fim de todas as coisas e que todas as opiniões hão de igualar-se ao deitar-mo-nos em um féretro e que isto já figura “facto científico”, ou em que determinados professores expressam sua torpe opinião ao dizer que “certamente Deus é um delírio”. O jovem, que então conta com toda a sua vida pela frente, vê-se desesperado em um nível profundo: sente-se vazio. E, então, busca o preenchimento deste vazio com algo que não lhe é natural: uns buscam o revivalismo de religiões de outrora (sem mesmo compreender bem o que elas foram), outros buscam apaziguar a inquietação nos prazeres venéreos, outros em espalhar sua desesperança entre todas as pessoas, há os que tentam dirimir o vazio fazendo experimentos socialistas e crendo que um “mundo melhor é possível” (sic) e, por último, mas não menos importante, não é pequena a quantidade de jovens (e adultos) que buscam justamente nestas religiões orientais e em outras, ainda, chamadas de “Nova Era”, o preenchimento do vazio que nossa cultura falhou ao legar-nos.
                O senso de unidade, de compartilhamento, de cultura dos indivíduos muçulmanos os torna menos propensos às nossas falhas. Eles detém, portanto, meios de acção que nos fazem, a nós com nossas bombas atómicas e arsenal bélico indizível, parecermos bichinhos de pelúcia. Eles podem mover contra nós um outro tipo de guerra: a guerra pelo terror, não somente no sentido de possuírem extremistas capazes de realizar actos bárbaros, mas de nos deixarem, como civilização, temerosos de irmos contra eles.
                Mais uma vez, interromperia um tolo: “O que tu estás a pregar é o preconceito contra os muçulmanos e outros grupos étnicos e religiosos e contra pessoas que têm um “estilo de vida” diferente do teu.”
                Mais uma vez o engano e a parvície tornam-se evidentes. Em primeiro lugar, estamos a escrever esta missiva justamente a criticar o modo de vida ocidental e a elogiar o modo de vida oriental, o que não pode nos caracterizar como “preconceituosos”. Em segundo lugar, esta missiva não é destinada contra o Islão, mas sim intenta resgatar o arcabouço cultural da Cristandade, para fazer-nos melhores servos de Nosso Senhor.
                É mais que óbvio, a esta altura, que o que propomos não é a conversão em massa para uma religião que intenta contra nosso modo de vida e contra nossa fé, mas sim que podemos aprender com eles como vivenciar nossa fé de forma mais abrangente, sem separarmos nossa vida em “familiar, pessoal, profissional e espiritual”, como parece ter-se tornado um lugar comum tão importante em nossa sociedade hodierna. Não. O que propomos é que as pessoas unifiquem os aspectos de suas vidas, a fim de vivermos mais coerentemente, pois a nossa vida é uma só.
                Em suma: se você, caro leitor, não é cristão, abundam motivos para sê-lo; se é ateu, abundam motivos para não sê-lo; se já é cristão, abundam motivos para abraçar o radicalismo do Evangelho. Reforcemos os aspectos de nossa fé com uma vida quotidiana que seja digna de um Cristão. Ao homem é dado morrer apenas uma vez. Não desperdicemos essa oportunidade única de salvação, tanto de nossas almas imortais como de nossa sociedade, com curiosidades que em nada hão de acrescentar na nossa vida, ou a tentar fazer algo grandioso sem realizar algo que, de facto seja digno de menção.




                                                               Paulo H.P. Cunha

sábado, 12 de julho de 2014

Um Socialista a Menos



Para um socialista, é simplesmente impossível que se tenha sucesso com o trabalho e prosperidade com esforço e mérito. O socialismo é esquema de vagabundagem psicológica que, antes de tornar um sujeito improdutivo para a sociedade, trata de fazê-lo crer que o esforço tem de ser recompensado igual, independentemente da força que se desprenda, do empenho ou da responsabilidade que envolvem tais e quais funções.
Uma das falácias mais apregoadas por eles é que os Países ricos são ricos não por causa da concentração de renda nas mãos de quem trabalhou para adquirir capital, mas a exploração dos Países pobres.
Aprendemos na escola que os carros americanos são feitos no México, que as televisões americanas são feitas no México, que os tênis americanos são feitos na China, e até a Coca-Cola americana é feita em outros Países. Isso é simplesmente absurdo! A pergunta que eu sempre me fiz, desde a época da escola é simples: "E os americanos? Trabalham só como atendentes de lanchonete e operadores de telemarketing?"
Ora, se o lastro do dólar é justamente a produção industrial americana, evidentemente, se os americanos não tiverem produção industrial além de milhos e beterrabas, o dólar despencaria. É justamente nos Países desenvolvidos que estão situadas as melhores e principais montadoras de carros, por exemplo: Mercedes-Benz na Alemanha, Ferrari e Lamborghini na Itália, Rolls Royce e Alpha-Romeo na Inglaterra, bem como um sem-número de montadoras importantes na América. Da mesma forma, a pequena indústria não deixa de ter sua importância, pois seria impossível exportar, mesmo do México (imagine daqui), hortaliças frescas. Não vou entrar na questão da dieta norte-americana para não me alongar e não criar polêmicas desnecessárias.
O único argumento importante é: os Países desenvolvidos produzem a maior parte das coisas que nossos professores nos ensinam que eles não produzem: de fertilizantes com esterco até itens de alta tecnologia. Se não fosse assim, seriam uma classe de funcionários públicos parasitas que sugam através de impostos e ágios a produção dos pobres. Como podemos perceber, os Países ricos produzem. A quem cabe a carapuça da acusação?

segunda-feira, 7 de julho de 2014

O Drama dos Esportes no Brasil



Esportistas têm de ganhar bem, mesmo. Eles são o modelo da juventude.
Certamente seremos alvo de críticas, pois há quem pense que a atividade militar seja superior à atividade desportiva.
Bem, sim e não. Militares existem para seguir ordens. Foram os militares que fizeram a República, em um ato odioso e pérfido. Foram os militares que "esquerdizaram" o Brasil, abrindo lugar para toda a revolução gramsciana. Foram os militares que dominaram a União Soviética. Nenhum desses atos foi heróico.
E mesmo quando os militares são heróis, a própria virtude do heroísmo não os permite vangloriarem-se. São, sobretudo, anônimos, como todos os heróis. Um desportista, por outro lado, vive - ou deveria viver - uma vida espartana. A ele são dados todos os lauréis da vida militar. O treino atlético, desde os gregos, é cópia do treino militar, independentemente do esporte. Os títulos dados a uma seleção são, desta forma e por extensão, feitos de um povo e de seu poderio militar e bélico.
Ora, não foi por isso que a Rússia comunista e a América se esforçaram tanto para ter os melhores atletas? Não era, evidentemente, para demonstrar um melhor futebol ou uma natação frutífera. Era para demonstrar, pelo lado americano, que o capitalismo era melhor em todos os sentidos, e que os atletas americanos eram superiores aos de outras nacionalidades. O lado russo tentava a mesma tática. O objetivo era intimidar.
Este não é o caso do futebol.
Primeiro, perguntemo-nos: o que é importante neste desporto, e por que o Brasil é nele tão superior às outras nações? A resposta, infelizmente, não agradará a todos.
Comparemos com outras modalidades desportivas: no handball, se o adversário rouba a bola, é necessário recuar e reagrupar. Não fazê-lo é falta. Não há espaço para “malandragens”. No volleyball, é necessário ter perspicácia e boa pontaria, além, é claro, de um físico muito bem preparado. Em cada esporte, podemos ver um grupo de habilidades necessárias para a vitória do time. No rugby, a resistência dos jogadores. Nas lutas, a força e a técnica. No tiro, a pontaria. E no futebol?
Ora, pela própria natureza do futebol, as habilidades necessárias para ser um bom jogador são a malandragem, a malícia e o engodo. Em um esporte onde cada time avança como quer, o time que enganar o adversário maior número de vezes, com dribles, será o time que mais vezes ficará de frente para a sua meta: o gol. Nesta realidade, a pessoa que tem maior “ginga”, maior malícia e puder enganar mais vezes o adversário vai, necessariamente, sobressair-se junto às outras.
Evidentemente, também estará em vantagem aquele jogador que “cava” faltas. Um esporte que preza pela “malandragem” do corpo, também preza pela “malandragem” da mente. Diríamos mais: uma pessoa não pode ter uma sem a outra.
“Ora”, diriam os opositores desta tese, “isto até poderia ser verdade para Brasil, Argentina e Itália, mas os alemães não são assim”. Nada poderia estar mais longe da verdade. A frase correta seria: “os alemães não são todos assim.” De fato, não são, assim como não o são todos os brasileiros. Mas os que se sobressaem no futebol, são.
Ora, o Brasil é um País onde todos os que podem dificultar alguma coisa para você, dificultarão, com o intuito único de levar alguma vantagem com isto. No Brasil, impera a “lei de Gerson”. Em um povo onde tudo é feito no malandreado, até a dança (o samba é um exemplo claro disso, só para citar gêneros “clássicos”), o que esperar dos esportes? O brasileiro se mostra vanguardista, sim, apenas no esporte mais matreiro de todos.
É neste cenário que vimos despontar Garrincha, Pelé, Gerson e Sócrates. Claro que foram grandes desportistas dentro de suas modalidades. Mas o que ensinaram para as próximas gerações? Que era mais fácil crescer jogando futebol que fazendo uma verdadeira carreira. Podemos até dizer mais. Pelé, na verdade, foi o primeiro beneficiado da “lei de Gerson”: foi o primeiro desportista a fazer comerciais e a ter sua imagem atrelada a várias marcas de várias coisas, fazendo, assim, uma fortuna. Vantagem sobre o futebol.
De lá para cá, as coisas não melhoraram muito. Além dos salários milionários, os jogadores têm a sua imagem atrelada a uma série de produtos como desodorantes, roupas íntimas e itens de tocador. Mais ainda: são escolhidos cada vez mais cedo, para poder potencializar os lucros das megacorporações. É claro que esta mistura, de jovens (em sua maioria pobres) com muito dinheiro e muita fama é o composto-base para a dinamite social.
Assim, sem nem nos darmos conta do que está a acontecer, isto é, que estão fazendo exemplos cada vez piores para a nossa juventude, vimos despontar Neymar Jr., persona non grata nesta página, a quem dirigimos este artigo.
Ora, não temos nada contra a pessoa de Neymar, nem mesmo o conhecemos. Mas uma pessoa que vive em orgias, tem um filho fora do casamento, relaciona-se com outra menina (hoje, sim, mulher), corta o cabelo com a rebeldia que alguns chamam, modernamente, atitude, enfim, que é um péssimo exemplo para as nossas crianças, deveria ser execrado do esporte, independentemente de o quão bem jogue.
Sim, o brasileiro se sai muito bem no futebol, pois está acostumado ao “set” de qualidades e defeitos que são desejáveis em um jogador de futebol. No ataque, é capaz de enganar o adversário muitas vezes consecutivas e preparar um bom ataque. Quando não consegue, tenta enganar o juiz. O mesmo ocorre na defesa: abordam violentamente o adversário e tentam fazer parecer que foi um lance válido.
“Então”, retrucarão os opositores de nossa tese, “por que ele não é execrado do esporte?”
O esporte, no Brasil, não serve como uma forma de demonstrar a soberania dos ideais de uma Nação. O esporte, no Brasil, não é um grito de: “Nossos ideais são superiores aos seus. Nós somos superiores a vós!” Não. Na Terra de Santa Cruz, o esporte é o “circo” dado pelos soberanos para manter a mente das populações ocupadas com outros assuntos que não os importantes. O futebol, em “Terra Brazilis”, é para engessar a mente e impedir o pensamento e a reflexão. É o entretenimento das massas, é o único esporte praticado nas escolas públicas. Mas deixemos o tema das unanimidades brasileiras para outro artigo.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Se, ao Menos, Houvesse Brasil...

          Olavo de Carvalho tem razão neste ponto: protestar "contra a corrupção" não é ação política. A política é composta por pessoas e entidades. Uma ação política deve ser feita contra as pessoas e entidades, ou a favor delas. Se não, não dá em NADA!
Sabem o que vai acontecer? As UPAS vão funcionar até 2014, no máximo, quando a população voltar a sua subserviência bovina, os impostos vão aumentar (porque, assim como a zoeira, a roubalheira também não pode parar), o transporte público vai falir (porque as regulamentações vão ser ainda mais violentas contra as empresas do segmento, com aumento de frota, ar-condicionado, diminuição dos intervalos, etc, etc, etc, e as menores não vão conseguir se sustentar)...
          E, nas presidenciais, podem ter certeza: é Lula lá!
          Sabem o que mudou exatamente com estas manifestações? Nada!
          E, mais uma vez, o povo acha que é malandro, mas posa com nariz de palhaço...
          Para aqueles que duvidam que a abertura do mercado resolveria, vejam o exemplo das vãs do Rio de Janeiro: elas tem uma tarifa menos, serviço de ar-condicionado em todas as que circulam pela Zona Norte (das outras não posso falar), param sempre que solicitadas, você pode ir sentado (embora algumas vezes o cobrador solicite que vá de pé. No entanto, basta esperar a próxima, que, muito provavelmente, pela variedade de linhas e de alternativas, virá com assentos vagos), de forma que o serviço é tão melhor que a maioria das pessoas, sempre que dispõe desta alternativa (com passagens pagas pelo patrão e linhas disponíveis), preferem usá-las ao ônibus tradicional.
          Mais uma vez, o povo brasileiro está achando que é malandro enquanto posa com nariz de palhaço...
          

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O Triste Fim de Policarpo Quaresma, ou: O Tapir Falante (e votante)


No decorrer dos últimos dias, todo o Brasil acompanhou os protestos que tem ocorrido nas grandes capitais e em algumas cidades satélites. É verdade que algumas pessoas estão mais apreensivas, outras estão mais entusiasmadas, mas uma coisa é certa: alguma coisa mudou.
Diferentemente do que pensam os mais otimistas, no entanto, não foi para a melhor: o que estamos vendo é a juventude indo para as ruas para protestar contra "o que está aí".Vemos os mais jovens indo para as ruas com bandeiras e galhardetes "contra a corrupção", e até com protestos políticos, como "fora Dilma", "Fora PT", "contra o aborto" e "contra o casamento gay". Embora seja louvável o que as pessoas estão tentando defender, não sejamos românticos. Não é um cartaz feito na impressora de sua casa que vai mudar o Brasil. E nem o Movimento Passe Livre. Pelo menos, não para a melhor.
Sabemos que o que importa não é a motivação das manifestações, ainda mais quando a própria organização das manifestações diz que cada um pode protestar contra o que quiser. O que importa é a liderança do movimento, que é quem vai negociar os termos do fim dos protestos.
Não deveria ser necessário que alguém viesse e lhes contasse isso, não é, professores universitários? Que não existe protesto sem organização, que não existem manifestações sem agitadores, enfim, que não existe Cuba sem Guevara.
Aparentemente, nossos intelectuais estão sofrendo de um ufanismo policarpo quarésmico, se me permitem o neologismo. Estão vendo apenas a terra, sem as saúvas. Estão vendo a epiderme dos protestos, sem ver a corja de parasitas que o organizaram. E ainda ficam repetindo bovinamente "vem pra rua", como se o simples fato de estarem eles no protesto fosse fazer o Brasil ficar melhor.
Quem viu alguma atitude política autêntica nestes protestos? Quase ninguém. Isso porque os tapires desta terra tupiniquim estão apenas repetindo os chavões e slogans propagandísticos criados para eles por uma casta gramscista de intelectuais e psicólogos, que sabem os caminhos e cacuetes com que o brasileiro médio pensa.
Vai nos perguntar o que é o #vemprarua? Eu diria que é, sim, por causa de vinte centavos. Depois do que vimos esta semana, não há mais porque duvidar da capacidade tapírica da nossa população.




H.P.Cunha