Ao ouvir o discurso dos neoateus, fica
clara sua intenção racional e legítima de querer explicar um mundo sem Deus.
Afinal de contas, estamos em uma democracia com liberdade para cada um crer no
que quiser. Estes neoateus sempre começam seus artigos dizendo que são
tolerantes, amigos dos cristãos, que não tem contra nós e nosso Deus nenhuma
inimizade, e que apenas discordam de nossa visão de mundo. Que, justamente por
se importarem conosco, falam e repetem que não há Deus. Afinal, se eles
tivessem razão (e eles acham que tem), estariam apenas tentando abrir os nossos
olhos para não sermos enganados por espertalhões e que, se realmente cremos no
nosso Deus e nos importamos com “eles, ateus”, faríamos o mesmo.
De fato, a coisa que o neoateísmo
militante mais faz é dizer que não busca prosélitos, ao contrário, cada um que
desenvolva seu próprio motivo para crer ou não crer em Deus, que, afinal, não
passa de uma crença sem nenhuma comprovação. Ora, se Deus não passa de uma
crença, não alçando nem mesmo o patamar de hipótese, tanto faz crer neste ou
naquele deus, ou mesmo não crer em deus algum, afinal, é apenas um ponto de
vista.
Uma das ferramentas que o neoateísmo
tem usado vez após vez para demonstrar seus postulados são os argumentos
clássicos da lógica erística, que são enquadrados pelos neoateístas como
“falácias”. Podemos citar aqui alguns deles, e explicar (embora se possa
encontrar alguns vídeos sobre isso, feitos justamente por esse grupo de
intelectuais de ponta) de que se tratam. Mas, primeiro, precisamos definir o
que é uma falácia.
Falácia é um argumento mendaz, que
busca jogar uma cortina de fumaça sobre a questão, dificultando assim, a
compreensão da mesma. Também pode se considerar um argumento falacioso aquele
que, embora aparentemente seja verdadeiro, tenha algum erro de continuidade
lógica que impeça a demonstração ou que a adultere. Falácia é afirmar sem
dizer, e, quando acusado da sua afirmação, afirmar que nada está afirmando.
O primeiro argumento do qual vamos
tratar é o “argumentum ad hominem”.
Este argumento, como o próprio nome sugere, é uma crítica feita não ao
argumento, mas àquele que o propôs. A
priori, nos parece um falseamento evidente, posto que aquele que propôs uma
hipótese ser ou não possuidor deste ou daquele mérito não é uma condição de impugnação imediata da hipótese em si. Mas
notem, ela não impugna a hipótese imediatamente.
Há situações onde o argumentum ad hominem
pode constituir impeditivo para a participação de um determinado elemento
no debate. Por exemplo: “O juiz que vai julgar o caso da união homossexual no
STF é gay”. Neste caso, vemos um argumentum
ad hominem muito bem colocado, posto que o supracitado juiz não tem o direito de julgar uma causa
sobre a qual ele seja parcial. Outro exemplo, ainda melhor colocado, de argumentum ad hominem, sendo este
impugnativo da hipótese, não da pessoa
seria uma discussão no senado sobre a legalização da profissão das prostitutas
suscitada por um cafetão eleito senador (no Brasil falta pouco para isso).
Neste caso, dizer que o sujeito que
propôs a discussão sobre a “moralidade tacanha” que temos é uma pessoa que
lucra com a imoralidade de determinados membros da sociedade é sim impugnadora
da hipótese e da discussão como um todo. Nestes casos, o argumento é válido e
gera impeditivo, seja na participação de um elemento no debate, seja do
argumento em si.
Outro argumento que é comumente
associado às falácias é a inversão do
ônus da prova. Ela parte do princípio de que quem faz uma afirmação é que
tem de prová-la. Ora, isso é absurdo, posto que se assim fosse, ninguém poderia
afirmar nada sem provar. Mas, de fato, existe a necessidade de provar algumas
coisas. O que, então, precisamos provar? Precisamos provar aquilo que afirmarmos contra o senso comum. Um bom exemplo disso
seria que se nós escrevêssemos aqui que no ano de mil e quinhentos morreu em
Portugal um homem chamado Manoel, nenhum dos leitores acharia improvável. Mas,
se continuássemos? E se afirmássemos que no ano de mil e quinhentos faleceu um
Manoel em Lisboa? Ainda assim, estaríamos de acordo com o bom-senso da maioria
e não precisaríamos provar nossa afirmação. E se prosseguíssemos? Se
afirmássemos que em mil e quinhentos finou-se em Lisboa Manoel Pereira? Ora,
ainda é uma afirmativa plausível, mas não porque todos os portugueses se chamem
Manoel Pereira, mas porque cremos
que haja muitos Manoéis em Portugal. Isto posto, podemos inferir que o ônus da
prova cabe a quem afirma contra o senso
comum da humanidade ou das pessoas de uma determinada sociedade.
Na verdade, poderíamos ficar aqui a
escrever sobre um sem-número de argumentos, como eles são comumente usados e
quando podem ser usados sem serem falaciosos. Mas, sinteticamente, podemos
afirmar que um argumento é válido ou não pela sua veracidade, e não pelo nome que
foi dado a ele.
Assim também podemos dizer das ideias.
Como dizia o finado Orlando Fedeli (que Deus o tenha em bom lugar), “as ideias
não se separam em modernas ou retrógradas, mas em verdadeiras ou falsas”.
Algumas pessoas tem tentado impugnar as ideias de acordo com a sua idade, não
com a sua veracidade. E isso também é uma falácia.
Agora, analisemos o discurso dos
neoateus. Com uma mão, nos afagam e nos dão suas migalhas, dizendo sempre que
creem firmemente na igualdade de todos os homens perante a lei, e com a outra
mão nos apedrejam, afirmando categoricamente que uma bancada evangélica ou
católica nos parlamentos impede a laicidade do Estado, ou que não são contra as
religiões, desde que elas fiquem dentro dos
templos. Com isso, na prática, perdemos o direito de representação (visto
que somos a maioria) nas câmaras do poder legislativo, seja porque votamos em
um candidato cristão, seja porque somos cristãos políticos e propomos leis de
acordo com nossa visão do mundo aceita pelo estado, e perdemos, também, o
direito à livre crença, tornando o Estado não laico, mas ateu, uma vez que nos
templos ninguém é obrigado a ir, nem mesmo os religiosos, a não ser por uma
obrigação devocional. Já nas escolas, onde se ensina ateísmo, as crianças são
obrigadas por lei a ir. Mas mudemos o rumo das nossas abstrações, posto que em
nível político não se resolve nada em matéria de religião e filosofia.
Outro argumento comum dos neoateus é
que eles não se importam com proselitismo. Então os ateus tem surgido de pés de
alface? Evidentemente não. Na verdade, a mídia inteira, desde os programas mais
infantis até as telenovelas com temas adultos sobre sexo, estão repletos de
propaganda ateísta. No entanto, para facilitar o nosso estudo, falemos apenas
sobre um canal da mídia: o youtube. Nele você pode confirmar a hipótese da propaganda
ateísta a qualquer momento. Basta procurar que você poderá encontrar centenas
de resultados de vídeos de ateus falando sobre o ateísmo e inferindo, sem
nenhuma base, sempre, que o ateísmo é a visão mais lógica do mundo. Ora, se
eles não praticam este tipo de “proselitismo nojento”, qual é o sentido de
fazerem vídeos e se preocuparem em responder as centenas de milhares de
comentários feitos em seus canais? E se eles “não estão afirmando nada”, qual é
o sentido de seus vídeos? Evidentemente seus vídeos estão repletos de
afirmações. Daí já se pode inferir a mendacidade destes grupos de seletos
intelectuais. Este grupo, no entanto, não tem nem a integridade nem a
inteligência necessárias para serem magarefes.
O motivo para eu estar escrevendo sobre
o tema foi um debate que ocorreu no dia nove de junho, e o nome do debate era
“ateus contra cristãos”. Sem parcialidade, podemos afirmar que a vitória foi
esmagadora dos cristãos, representados pelo vlogger Conde Loppeux de La
Villanueva, Rodolfo Loreto, do site “Sentinela Católico” e Samuel Cardoso. O
lado “delesateus” foi representado por Yuri Grecco, do canal “euateu”, Gulherme
Tomishiyo, do canal “ciência no cotidiano” e Daniel Fraga.
Este que vos escreve não é capaz de
encontrar palavras para descrever a barbaridade contida na atitude dos
neoateus. Desde o mais tenro princípio do debate, eles foram sempre incisivos
nas críticas, evasivos nas respostas e -
pasmem -
mentirosos nas suas alegadas explicações!
Não somos cá uns primores de
cientistas, mas Guilherme Tomishyio, ao ser inquirido sobre haver ou não efeito
sem causa, se algo poderia vir do nada, é aleivoso e afirma que o decaimento
radioativo acontece sem causa. Não satisfazendo aos cristãos, que contrapuseram
argumentos válidos a essa afirmação tendenciosa, ele afirma que o efeito
casimir é decorrente do nada!
Esta informação é evidentemente falsa,
visto que nada é decorrente do nada, e o efeito casimir não é exceção à regra.
Efeito casimir, grosso modo, em
mecânica quântica, é o efeito causado pelas oscilações do vácuo em sistemas de
baixa pressão. Só aí, temos um sem-número de especificações necessárias
(causas) para que o efeito aconteça. Mas, não satisfeito, ele continua
afirmando que o tal efeito é proveniente do nada! Isso evidentemente é um falseamento do conceito
de nada. Ele conceitua aqui o nada como sendo o vácuo completo. Ora, não há o
vácuo completo, e, mesmo se houvesse, o homem não é capaz de reproduzi-lo. E,
mesmo que o sistema estivesse na mais completa vacuidade, ainda haveria tempo e
espaço, portanto, algo. Em suma, não podemos aceitar que o efeito casimir seja
decorrente do nada, nem mesmo se nossa concepção de nada for tão trôpega e
grosseira como a vacuidade que Tomishyio propõe. Conceito este, aliás, que não
é utilizado nem mesmo em ciência. Fica evidente, também, que o dito cientista
apela à ignorância, tanto do público como do seu interlocutor, ao usar tal
argumento. Uma vez que o decaimento radioativo é um fenômeno de conhecimento
quase geral, ele usa seu conhecimento para pôr no tabuleiro uma teoria que só
os físicos e matemáticos conhecem e que os contendores não poderiam contra-argumentar,
uma vez que a filosofia é uma linguagem mais ou menos acessível a todos,
enquanto que as ciências se valem do hermetismo para que seus conhecimentos não
caiam na mão do vulgo, tal qual fizeram outras correntes heréticas, como o
Platonismo, o Aristotelismo, o Rosacrucianismo e a Maçonaria. Yuri Grecco,
neste debate, chega a dizer que a única visão do mundo realmente capaz de
explicar o mundo é a ciência. Expliquemos o absurdo: suponhamos, apenas
suponhamos, que Darwin esteja certo, e que nós somos apenas animais que
evoluíram de um ancestral comum aos macacos. Podemos legalizar o aborto?
Podemos legalizar a pedofilia? Podemos cometer adultério? Como podemos ver, a
ciência é útil apenas para explicar alguns fenômenos de ordem natural. Mas podemos ver que nem mesmo no âmbito
da ciência o método científico pode ser utilizado em todas as áreas. Podemos
citar as ciências biológicas como exemplo de ciência que não usa o método
científico. As ciências biológicas trabalham quase que exclusivamente com a
catalogação de espécies e suas respectivas taxonomias, e, mesmo que
aceitássemos a evolução como uma teoria válida, ela não poderia estar mais
longe do método científico, pois não pode ser experimentada e provada
verdadeira.
Ao falar de ética, mais uma vez
erroneamente, os ateus disseram que a moralidade surgiu da razão humana, para a
coesão social e por motivos egoístas de sobrevivência. Podemos consultar Platão
sobre isso. Em seu livro “A República”, há um personagem chamado Telêmaco que é
um homem que, quando observado, age de acordo com a mais estrita moral. No
entanto, acha proveitoso agir de maneira imoral quando os seus compatriotas não
podem vê-lo. Ora, se Platão escreveu sobre isto e a isto dedicou um capítulo
inteiro de seu livro, devia ser um pensamento comum nos gregos de sua época.
Mas podemos ir além: Platão nos ensina que a moral surgiu por dois motivos:
para defender os fracos, algo que,
obviamente, não traria nenhuma vantagem evolutiva, e para honrar aos deuses, escusado o erro frente à falta da Revelação
Divina na figura de Jesus Cristo. Ora, se a moral tivesse, de fato, originado-se
exclusivamente da razão humana, qual era o papel dos deuses neste código
insólito? Aliás, ficou muitíssimo evidente que nenhum ateu neste debate sabia
sequer o que é a moral. Para eles, a moral se resume em “o que é bom para o ser
humano”. Mas, na verdade, a moral mais se aproxima do oposto disso. A moral
envolve sempre sacrifícios de parte de um em detrimento de outro. A moral, como
bem nos explica Platão na figura de Telêmaco, é sempre desvantajosa. Os
conceitos destes senhores sobre moral são risíveis. Em seus vídeos sobre moral
eles dizem, entre outras coisas, que determinados códigos morais, como o dos
judeus no Antigo Testamento, por exemplo, são hoje imorais. Nós convidamos os
senhores a nos explicar onde foi que Jesus nos disse que era errado cortar a
mão de um ladrão. Cortar a mão de um ladrão não é errado, posto que Deus não possa nos ensinar coisas erradas
ou nos dar códigos morais errados. No entanto, com a Revelação, ele nos mostra
que, embora cortar a mão de um ladrão seja certo, é melhor que se aja com
misericórdia. É melhor que se perdoe. Afinal de contas, não queremos nós,
culpados, que Nosso Senhor nos perdoe? Como poderia Ele estar inclinado a
perdoar o homem, que Lhe é inferior, se o homem não perdoa o que lhe é igual?
Aliás, usarei aqui um argumentum ad
hominem, imagino eu que bem colocado. O senhor Yuri Grecco afirma
categoricamente em um de seus vídeos que odeia as religiões, e continua dizendo
“umas
mais do que outras”. É evidente que ele se refere aqui ao cristianismo,
e, mais especificamente, à Santa Madre Igreja. Quem lucraria com a sua
desmoralização, a sociedade ou o senhor Yuri Grecco, inimigo aberto de tudo
aquilo que os homens fazem para serem bons? Já o senhor Guilherme Tomishyio é
homossexual militante, e as normas de conduta vigentes nas sociedades cristãs,
embora respeitem sua condição (não opção), relegam o homossexualismo a condição
de imoralidade. Quem ganharia com um estado ateu, a sociedade ou o senhor
Tomishiyo? Ora, vendo que a sociedade não ganhará nada com a revisão de seu
código moral, apenas estes distintos senhores, a que conclusão podemos chegar?
Que eles realmente acreditam que isto é o melhor para o mundo? Evidentemente não. Eles não estão militando o ateísmo “por um mundo melhor” (se é que
isso é possível), estão fazendo isso apenas porque é interessante para
suas finalidades egoístas, que são: acabar com a família, a religião e o Estado.
Ficou,
a meu ver, muitíssimo evidente quem saiu vitorioso deste embate, muito embora
este que vos escreve não concorde com algumas estratégias que os cristãos
tomaram durante o debate. Nós calculamos que havia caminhos mais curtos para
uma vitória muito mais completa, mas deixamos isso por conta dos próximos
debates. Na contenda, ficou óbvio que o senhor Yuri Grecco não é capaz de tecer
argumentos, uma vez que ele somente decorou o nome de uma meia dúzia de nomes
latinos e apenas os repetiu arbitrariamente, mesmo que em nada se parecessem
com um falseamento. Quanto ao senhor Tomishyo, que parece ser mais racional e
sensato, mera ilusão! Em seus vídeos ele afirma categoricamente que pessoas
religiosas são pobres e sem instrução, além de confessar que pensa que todos os que creem em Deus são sempre “burros ou hipócritas”. Foi dito durante
o debate: “parece que os ateus pensam que tudo roda de acordo com o umbigo
deles”. O comentário foi bem colocado, mas incompleto: os ateus se valeram de
utilitarismo durante todo o debate, distorcendo os conceitos nos quais mesmo
eles acreditam para parecerem conceitos ainda mais ateus, mudando algumas
sutilezas em seus discursos quando lhes era conveniente, e assim por diante.
Ficou mais que evidente a desonestidade dos senhores Daniel Fraga, Guilherme
Tomishyio e Yuri Grecco durante este debate. Desonestidade esta que não fica só
em nível intelectual. Os senhores supracitados são enganadores, perversos e malignos. O seu objetivo é sim fazer
prosélitos para o seu funesto culto de Osíris, onde a morte é o melhor prêmio
para quem mais pecar de acordo com sua própria vontade.
Encerrando estas considerações sobre a
discussão, dizemos apenas que o mundo está entrando agora em uma nova era, e,
assim como na guerra foram desenvolvidas novas armas, mais covardes e
destruidoras, assim também ocorreu no campo do debate ideológico. Cá, nós
também temos de lidar com as novas armas destes grupos militantes, sejam lá do
que forem. Entramos em uma era onde se afirma sem nada dizer, apenas para evitar os
ônus provindos de uma afirmação, se afirma diferente daquilo que se quer
afirmar, onde indivíduos de fala fácil e compreensão difícil são a regra entre
os formadores de opinião, e, com a sobreposição de ideias, manipulam as
opiniões das massas ignavas na direção que melhor lhes convier. Esta direção é,
infelizmente, um mundo sem esperança, sem cores, onde tudo o que se pode
esperar é a extinção.