Quem sou eu

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Então, é Natal... Só Que Não.


Mais uma vez, o Natal chega ao Mundo, e mais uma vez traz a promessa da vinda de Nosso Senhor a terra, só que, desta vez, com glória e esplendor.
                Para todos os cristãos, esta é uma época do ano muitíssimo feliz. As missas rezadas em todas as igrejas no dia vinte e quatro enchem de alegria, fé e esperança os corações de todos os fiéis. Alguns deles, no entanto, parecem não saber regular a própria felicidade e a atenção que imaginam merecer.
                Infelizmente a paróquia deste que vos escreve, a Nossa Senhora do Carmo, na Penha, é uma das piores paróquias do Rio de Janeiro. Até os gafanhotos que vivem nos jardins da igreja são revolucionários – ao menos esta é a impressão que nos passa. Durante a missa de Natal, parecia-nos que o povo achava que estava a rezar a missa junto ao padre. As respostas, infalivelmente repetidas pela multidão, saíam quase que automaticamente. Mas o problema não esteve nisso. Se fosse só por isso, talvez esta missiva estivesse até mesmo – pasmem – elogiando a "missa". Mas precisava continuar.
                O Pai Nosso foi recitado com as mãos dadas, à moda dos hippies maconheiros dos anos setenta, ou dos heréticos rosacruzes “amorquianos” que imaginam ser o fato de dar as mãos uma forma mais expressiva de trocar a “energia” com o ambiente. Até aí, quase corriqueiro nas paróquias de hoje em dia. Mas foi o “Ite, Missa Est” que realmente nos assustou. Antes de despedir a comunidade, o padre local (de quem o nome, à maneira de Rumpeltilskin, é uma incógnita para nós), treinou, coreografou e permitiu que algumas meninas se apresentassem em um mini espetáculo de balé pela igreja, e a audiência (não ouso chama-los fiéis) aplaudiu.
                Ora, não sabem todos, depois de centenas de banners, flyers, citações, que balé na igreja é abuso litúrgico? Que não é permitido pelo Papa? Nós, de nossa parte, consideramos abuso o simples fato de a missa não ser a “missa de sempre”, como ordena a bula quo primum tempore, mas até para os “moderninhos” isto deveria ser inadmissível! Onde está o decoro? Onde está o respeito pelo sagrado? Onde está a adoração a Deus?
                De fato, o setor da Igreja chamado “sedevacantista”, mesmo sem sê-lo, está correto desde a ponta dos cabelos até a sola dos pés ao dizer que a "missa" nova é uma adoração não a Deus, mas ao homem!
                Nunca antes de 1964 uma cadeira para o padre ficaria atrás do altar, no lugar de maior destaque da igreja! Afinal é a Jesus – não ao padre – que se deve adoração. Hoje, em contrapartida, vemos verdadeiros tronos, na mais alta nave da igreja, e, sentados neles, os atros canalhas revolucionários que um dia ousaram ser ordenados sacerdotes, com a intenção única de destruir a Santa Igreja por dentro, seja através de tamanha incontinência, seja tornando-a mais “popular”.
                A Igreja de Deus não é popular. A Igreja de Deus solicita de seus fiéis orações e mortificações que quase nenhum cumpre. Jejuns pulados e uma vida mundana, voltada para a filantropia, nunca a verdadeira caridade, destruíram a maior parte do sacerdócio, e, hoje, as pessoas pensam poder ser santas vivendo vidas com “relativo” mundanismo. Pensam fazer parte da vida do cristão festinhas, aniversários, danças eróticas, e, last not least, o sexo desinibido de nossa época. Santo Antônio do Deserto, São Bento da Núrsia (que punha pulgas nas próprias túnicas para aumentar o sofrimento da vida), São Francisco de Assis (que aspergia cinzas sobre todas as suas refeições, para nunca pecar pela gula), São Tomás Morus (que sempre usava cilícios), São Bernardo de Claravau (patrono da ordem dos Templários), e Santa Joana D’Arc (que teve a nobre missão de acabar com o pesado jugo inglês sobre a França – pela guerra – e foi martirizada pouco depois) devem se envergonhar desta geração de catoliquinhos ripongas água-com-açúcar pacifistas que nunca suportaram o sofrimento na vida e querem entrar no reino dos céus.
                “Pegue sua cruz e me siga”, nos disse nosso Mestre. Quem ousa contradizê-Lo e fazer do cristianismo um caminho fácil?


                                                                                      H.P. Cunha.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Um Dia Feliz


“Eis a prova de que o Brasil não é mais um país cristão”. Esta frase seria o suficiente para acabar com o dia de qualquer um, mais ainda se fosse ouvida logo pela manhã, por alguém atrasado para o trabalho. A pérola em questão não poderia ter vindo de outra ostra: um neoateu.
Explico: a conclusão magnífica a qual chegou nosso molusco (nenhuma referência política) foi baseada nos dados estatísticos perfeitos, os quais ele dispunha de todos, da preferência entre a folga no Natal ou Ano Novo em uma central de atendimento no Rio de Janeiro. Na escala referida, a maioria franca dos operadores preferiria folgar no Ano Novo (embora nós, que tivemos em mãos a mesma escala, não a possamos analisar com a mesma perspicácia e rapidez de nosso “amigo”). Mas, evidentemente, esta é uma conclusão precipitada, mesmo para uma divagação apriorística.
Em primeiro lugar, sabemos muito bem que uma central de tele atendimento não é exatamente o que se pode chamar de “grupo de controle”. Primeiro porque é um dado que, salvo excepcionais exceções, todos trabalham nos dois feriados. Depois, porque as raras almas que terão qualquer folga são apenas os vencedores das campanhas internas de motivação. Em terceiro lugar, a maioria dos homens que trabalham numa central de atendimento são homossexuais, e a maioria das mulheres, de pouca moral. Os que restam são, quase que invariavelmente, modernistas e relativistas (quando não gnósticos, agnósticos ou ateus, os “esclarecidos” de nossa época). Junta-se a isso o fato de os homens todos de nossa época serem incontinentes. Dê-se a eles as alternativas: uma noite quase inteira na igreja ou duas noites de bebedeira, esbórnia e sexo. Qual das duas o leitor acha que um teleoperador médio escolherá?
Mas não são somente estes os motivos que tornam esta pérola digna de uma nota, ainda que no rodapé das citações mais esdrúxulas de todos os tempos. O que torna a citação digna da memória do fracasso é justamente o fato de ela ser tão apriorística que desconsidera fatores decisivos.
Nos últimos anos, vem sendo realizado um esforço tremendo por parte de uma determinada elite do mundo, todos eles ateus (ou assim se declaram para suas finalidades espúrias), todos eles revolucionários, todos eles libertários, para tornar o Natal, bem como a Páscoa, em feriados meramente comerciais.  Isto, ao menos nos grandes centros urbanos, é facilmente perceptível, uma vez que todas as referências a Jesus foram trocadas por Papai Noel. As crianças desta geração, salvo as de famílias mais conservadoras, nem ao menos sabem que o Natal é o Advento do Salvador da Humanidade. Muitas crianças de nossa época imaginam se tratar o Natal da época do ano em que Papai Noel distribui benesses para aqueles que se comportaram bem durante o ano. Nada mais. E isto é muito facilmente perceptível, uma vez que a mídia faz um tremendo estardalhaço com o Natal, fazendo comerciais com Papai Noel, filmes com Papai Noel, e os filmes tradicionalmente associados ao Natal (lembro-me de um filme que tratava de Artaban e sua odisseia para ver Jesus, e, no fim, o via apenas de passagem na Via Crucis) ficam relegados à classificação de “filmes b”, que ninguém assiste, ninguém liga. E este esforço está culminando no esvaziamento do simbolismo dos feriados religiosos (“se não pode derrota-los, substitua-los”).
De posse destes dados, pode-se afirmar: “eis aí a prova de que o Brasil não é mais um país cristão”? Ou seria este apenas um chavão da fraseologia neoateísta, repetida “ad nauseam” por gênios de renome, como Pirulla e Yuri Grecco?



                                                                     H.P.Cunha.