Mais uma vez, o Natal chega ao
Mundo, e mais uma vez traz a promessa da vinda de Nosso Senhor a terra, só que,
desta vez, com glória e esplendor.
Para
todos os cristãos, esta é uma época do ano muitíssimo feliz. As missas rezadas
em todas as igrejas no dia vinte e quatro enchem de alegria, fé e esperança os
corações de todos os fiéis. Alguns deles, no entanto, parecem não saber regular
a própria felicidade e a atenção que imaginam merecer.
Infelizmente
a paróquia deste que vos escreve, a Nossa Senhora do Carmo, na Penha, é uma das
piores paróquias do Rio de Janeiro. Até os gafanhotos que vivem nos jardins da
igreja são revolucionários – ao menos esta é a impressão que nos passa. Durante
a missa de Natal, parecia-nos que o povo achava que estava a rezar a missa junto
ao padre. As respostas, infalivelmente repetidas pela multidão, saíam quase que
automaticamente. Mas o problema não esteve nisso. Se fosse só por isso, talvez
esta missiva estivesse até mesmo – pasmem – elogiando a "missa". Mas precisava
continuar.
O
Pai Nosso foi recitado com as mãos dadas, à moda dos hippies maconheiros dos
anos setenta, ou dos heréticos rosacruzes “amorquianos” que imaginam ser o fato
de dar as mãos uma forma mais expressiva de trocar a “energia” com o ambiente. Até
aí, quase corriqueiro nas paróquias de hoje em dia. Mas foi o “Ite, Missa Est”
que realmente nos assustou. Antes de despedir a comunidade, o padre local (de
quem o nome, à maneira de Rumpeltilskin, é uma incógnita para nós), treinou,
coreografou e permitiu que algumas meninas se apresentassem em um mini espetáculo
de balé pela igreja, e a audiência (não ouso chama-los fiéis)
aplaudiu.
Ora,
não sabem todos, depois de centenas de banners, flyers, citações, que balé na
igreja é abuso litúrgico? Que não é permitido pelo Papa? Nós, de nossa parte, consideramos abuso o
simples fato de a missa não ser a “missa de sempre”, como ordena a bula quo primum tempore, mas até para os “moderninhos”
isto deveria ser inadmissível! Onde está o decoro? Onde está o respeito pelo
sagrado? Onde está a adoração a Deus?
De
fato, o setor da Igreja chamado “sedevacantista”, mesmo sem sê-lo, está correto
desde a ponta dos cabelos até a sola dos pés ao dizer que a "missa" nova é uma
adoração não a Deus, mas ao homem!
Nunca
antes de 1964 uma cadeira para o padre ficaria atrás do altar, no lugar de
maior destaque da igreja! Afinal é a Jesus – não ao padre – que se deve
adoração. Hoje, em contrapartida, vemos verdadeiros tronos, na mais alta nave
da igreja, e, sentados neles, os atros canalhas revolucionários que um dia
ousaram ser ordenados sacerdotes, com a intenção única de destruir a Santa
Igreja por dentro, seja através de tamanha incontinência, seja tornando-a mais “popular”.
A
Igreja de Deus não é popular. A Igreja de Deus solicita de seus fiéis orações e
mortificações que quase nenhum cumpre. Jejuns pulados e uma vida mundana,
voltada para a filantropia, nunca a verdadeira caridade, destruíram a maior
parte do sacerdócio, e, hoje, as pessoas pensam poder ser santas vivendo vidas
com “relativo” mundanismo. Pensam fazer parte da vida do cristão festinhas,
aniversários, danças eróticas, e, last
not least, o sexo desinibido de nossa época. Santo Antônio do Deserto, São
Bento da Núrsia (que punha pulgas nas próprias túnicas para aumentar o
sofrimento da vida), São Francisco de Assis (que aspergia cinzas sobre todas as
suas refeições, para nunca pecar pela gula), São Tomás Morus (que sempre usava
cilícios), São Bernardo de Claravau (patrono da ordem dos Templários), e Santa
Joana D’Arc (que teve a nobre missão de acabar com o pesado jugo inglês sobre a
França – pela guerra – e foi martirizada pouco depois) devem se envergonhar
desta geração de catoliquinhos ripongas água-com-açúcar pacifistas que nunca
suportaram o sofrimento na vida e querem entrar no reino dos céus.
“Pegue
sua cruz e me siga”, nos disse nosso Mestre. Quem ousa contradizê-Lo e fazer do
cristianismo um caminho fácil?
H.P. Cunha.