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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Santo Tomás de Aquino contra Feuerbach e Todo o Pensamento Materialista


                Certa vez, conversando com meu cunhado, cujo qual é psicólogo, tentei invocar as provas da existência de Deus. Ele, evidentemente, as rejeitou de pronto. Afinal, como psicólogo ele é uma autoridade quando o assunto é religião, especialmente por não ter lido nenhum dos grandes livros da religião ocidental, como “A Ilíada”, “A Odisséia” ou as Sagradas Escrituras. E o motivo para tanto é óbvio: evidências não tem o mesmo peso que provas, e o que eu disse foram só palavras carregadas de conjeturas e inferências. Todavia, será que é bem assim?
                Consideremos a matemática, que é uma ciência do campo da lógica, e é universalmente aceita, não como indicativa, mas como probática. Suponhamos que eu escreva que um mais um é iguala dois. Este axioma está correto? Sim, sempre. Agora consideremos as semelhanças entre a matemática e o encadeamento lógico: se eu pego uma batata e ponho ao lado de outra, tenho duas batatas, se a ponho ao lado do forno, tenho dois objetos quaisquer. No entanto, se apenas digo: “Um mais um são dois”, não tenho nada além de uma abstração humana, por mais objetivamente útil e óbvia que ela possa parecer. Da mesma forma, quando digo que a soma dos quadrados dos catetos é igual à hipotenusa, tenho uma abstração construída sobre uma abstração. No entanto, esta abstração está correta, pois o uso diário de engenheiros e arquitetos comprova a mesma. Porém, a axiomática contida na resolução do problema é especulativa, pois não se trata de medidas exatas, e sim de números com precisão relativa e que são, em si só, símbolos da realidade.
                A ciência, no entanto, usa uma parte do pensamento lógico para tentar comprovar que o mundo natural é produto do próprio mundo natural. Mas será isso possível? A lógica nos diz que não, e darei apenas um de muitos exemplos das provas da existência de Deus, um simples de se compreender. Se o mundo existe, supõe-se que ele seja o fruto de um encadeamento de causas e efeitos. Ora, ou essa cadeia de eventos é finita ou é infinita. Ela não pode ser infinita, porque haveria uma causa antes da causa primeira que seria a causa primeira, e haveria outra causa antes dela, e outra antes dessa, numa sucessão infinita de causas e efeitos, e, por isso, não havendo causa primeira, não haveria causa segunda, nem causa terceira, e seus respectivos efeitos, e, desse modo, não haveria nada. Percebemos que há coisas, portanto, a sucessão de causalidade é finita. Logo, há causa primeira. Mas será essa causa necessariamente inteligente? Sim. Vemos no mundo que toda a ordem pressupõe um ordenador, e quanto maior a ordem maior é a inteligência do ordenador. Ora, vemos que há perfeita ordem na criação. O planeta Terra está exatamente onde tem de estar para haver vida, de forma que a Terra nem é muito quente nem muito fria, possibilitando que haja água em estado líquido, componente essencial para a vida como a conhecemos. Além disso, o nosso planeta tem um centro composto de ferro fundido, que, funcionando como um dínamo, cria um campo eletromagnético essencial para haver vida pluricelular. Não parece providencial? Não haveria nisso “kosmos”? E cito apenas uns poucos exemplos que me vem à mente. Ora, uma ordem perfeita supõe uma causa primeira com inteligência perfeita. Logo, Deus, que é a inteligência perfeita (embora incogniscível), existe, e é por isso que todas as teorias da ciência estão cheias de pensamentos “ad hoc”, criados exclusivamente para sanar as deficiências de sua trôpega explicação multimétrica do mundo.
                Ambos os raciocínios, o matemático e o lógico discursivo, foram desenvolvidos pelos mesmos parâmetros. São inferências lógicas da realidade, embasados na experiência subjetiva do homem, mas que, objetivamente, tendem a se demonstrar reais pela experimentação. Deveríamos tomar as provas da existência de Deus como falaciosas? Ora, a matemática é que está inserida na lógica, e não o contrário. Se não aceitamos o encadeamento lógico das coisas para provar a existência de Deus, porque deveríamos aceitá-lo de uma forma menor para “comprovar” a sua inexistência?


                                                                                 H.P.Cunha

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