Quem sou eu

sexta-feira, 16 de março de 2012

A era dos jumentos


                Vivemos em uma maravilhosa era em que todos tem o direito de se expressar como bem entendem.  Mas não nos enganemos: o que, a princípio, parece um direito maravilhoso, o direito de livre expressão, tornou-se um construto improvável, tal qual o Golem do rabino Levi de Praga. Tal qual a mítica criatura, tais pessoas tem, de forma anagramática, as palavras “vivo” e “morto” escritas em suas frontes. Admitamos que, em muitos casos, a palavra “morto” predomina.
                Vemos diariamente pessoas nitidamente despreparadas dando opiniões sobre as mais diversas coisas: desde a clássica política (e, é claro, futebol, assuntos que são do domínio completo de absolutamente todos os brasileiros) até as mais sublimes filosofias que o ser humano já se pôs a conjeturar. Entretanto, basta uma análise com escopo mínimo que vemos já as falhas dos raciocínios dos “filósofos”.
                Essas pessoas não são necessariamente más, apenas estão redondamente enganadas quanto ao direito de liberdade de expressão. Temos o direito de nos expressar, mesmo não sabendo tudo sobre o tema, mas não dar opinião de especialista sobre os assuntos, discutindo e discordando com os mais eruditos numa ou noutra área. A isso se dá outro nome: burrice. O problema se dá quando esses “jumentos” insistem que, quando você cita um estudo sério sobre um assunto de um ser humano que passou anos pesquisando sobre aquilo que está em pauta, você está usando “argumentos de autoridade”. Assim, eles podem escolher apenas os estudiosos que os convém, citando apenas fontes secundárias, para ser otimista, quando não citam a si mesmos. E, por mais impressionante que possa parecer, citam a si mesmos! Usando esses artifícios macabros, acabam com toda a metodologia, tornando impossível uma conclusão imparcial sobre qualquer tema.
                Não é raro encontrar isso na internet. Bastam alguns clicks que você já encontra as mais escabrosas opiniões de pessoas que acham entender tudo de alguma coisa (ou alguma coisa de tudo).
                Não somos contra uma pessoa usar este direito quase divino que é a liberdade de expressão. Mas nos opomos e sempre nos oporemos aos “achismos”. Quem dá opinião, não pode “achar” alguma coisa. Ela tem de embasar sua opinião. Afinal de contas, “argumento de autoridade” é melhor que argumento nenhum, e muitas vezes as pessoas que discutem assim não tem argumento nenhum.
                Esse se tornou uma mania comum no Brasil, graças à metodologia de ensino que é, muitas vezes, um artifício da revolução para “conscrever” os jovens. Mas esse já é outro estudo... E “viva la revolución”!


                                                                                                 H.P.Cunha

Nenhum comentário:

Postar um comentário